Esta informação acima está na coluna “Há 50 anos” na edição de hoje (10/08/18) do Correio Popular. Mas vale conhecer um pouco mais da história, a partir de um texto de Paulo Augusto Moraes, adaptado aqui:

Em 1869, os missionários presbiterianos Revdo. George Morton e Revdo. Edward Lane fundaram o “Colégio Internacional”, que segundo Boanerges Ribeiro “foi a primeira escola protestante a desenvolver-se no país e a atrair os filhos dos notáveis da terra”, política adotada tanto por católicos como por protestantes. O Revdo. Erasmo Braga, um dos mais notáveis pastores protestantes brasileiros do século XX, afirmou que tanto a “Escola Americana de São Paulo” (atual Universidade Mackenzie) como a “Escuela Popular de Valparaiso” foram criadas em 1870 e o “Instituto Internacional de Santiago”, Chile iniciou suas atividades em 1873. Isto confere ao colégio de Campinas o status de ser a escola protestante mais antiga da América do Sul.

O Instituto Internacional trouxe uma proposta pedagógica completamente nova, que naquele momento poderia ser considerada como revolucionária. Ribeiro afirma que o “Colégio Culto à Sciência” precedeu Morton em Campinas e foi a expressão da presença de aspirações à reforma do sistema pedagógico ; mas foi Morton quem ofereceu um modelo escolar novo, criado na cultura protestante norte-americana, cuja viabilidade afinal veio a ser demonstrada por Horácio Lane (de São Paulo) [Mackenzie College] ; esse modelo foi adotado e realizado com as reformas do sistema pedagógico pedidas pelos tempos novos republicanos”.

Estudaram no Colégio Internacional os filhos de pessoas como Bernardino de Campos, Hercules Florence, Cel. J. Quirino dos Santos, Manoel Ferraz de Campos Salles, João Pupo Nogueira, entre outros. Alguns dos alunos vieram a ocupar, posteriormente, importantes cargos na vida pública brasileira, como José Pereira de Queiroz e J.C. Alves de Lima, futuros senadores da República.

Apesar de funcionar desde 1869, parece que somente em 1873 o colégio atingiu sua forma mais definitiva. Já em 1874 contava com 144 alunos. Em 1875 esta experiência educacional mereceu a visita de D. Pedro II, fato que se repetiu por mais duas vezes. O imperador mostrou-se satisfeito com o que viu. Também a instituição foi visitada pelo Conde D’Eu, esposo da herdeira do trono. Em 1878 foram matriculados 187 alunos, número bastante expressivo para a época.

Seu trabalho foi coroado de sucesso. O Colégio Internacional continuou crescendo em número de alunos e no respeito diante da opinião pública, merecendo elogios de Rangel Pestana, respeitado jornalista republicano do jornal “A Província de São Paulo”.

As igrejas presbiterianas da região desenvolveram-se de maneira bastante expressiva sob os cuidados pastorais do Revdo. Lane. O missionário também atuou no cotidiano da cidade, propondo melhoramentos e ampliação dos serviços públicos. Parece ter contribuído muito positivamente também para o “…prolongamento da antiga linha de bondes para o Guanabara”.

Em 1892 Campinas foi atingida, uma vez mais, por uma violenta epidemia de febre amarela. A situação era de extrema gravidade, como se pode depreender das palavras deixadas pela missionária Kate Bias: “A cidade estava quase deserta. O sino da igreja católica não cessava de dobrar a finados, grave e profundo. Nunca mais vou me esquecer de seu som…. Eu estava convalescente em meu quarto. Mr. Thompson, no antigo quarto de Miss Kemper, do outro lado da saleta. De madrugada ouvi barulho, como de mesas arrastadas, e compreendi o que acontecera, mas ninguém me procurou. Pus as meias e abri silenciosamente a porta; vi-o estendido em uma mesa. Voltei para a minha cama chorando por causa da grande perda que acabávamos de sofrer…. Foi sepultado de manhã cedinho; acredito que apenas Mr. Tucker e Mr. Rodrigues acompanharam o féretro”.

O colégio foi fechado e muitas pessoas deixaram a cidade. O Revdo. Lane, embora tivesse sido alertado para o risco que corria, entendeu ser seu dever pastoral permanecer, cuidando das pessoas doentes da sua igreja e de quem quer que necessitasse de ajuda. O trabalho era muito e por fim, o missionário contraiu a doença, vindo a falecer em 26 de Março de 1892.

Atualmente, no terreno onde erguia-se o “Colégio Internacional”, existe hoje apenas parte da história (talvez pouco conhecida) de Campinas, mas que “marcou uma época e abriu novos horizontes ao ensino no Brasil”, está o Seminário Presbiteriano, (Av. Brasil – Jardim Guanabara) uma das mais respeitadas instituições de ensino teológico protestante (o mais correto seria usar o termo “reformado”) da América Latina.

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