Coral Zacarias de Miranda: 109 anos louvando ao Senhor

Se você for pesquisar em enciclopédias (esse procedimento era adotado pelos mais antigos) ou mesmo nos mais modernos e eficientes sites de busca, certamente vai encontrar uma gama enorme de definições sobre música, explicações essas que classificam essa manifestação como arte ou, em alguns casos, como “uma combinação de sons e de silêncios, numa sequência simultânea ou em sequências sucessivas e simultâneas que se desenvolvem ao longo do tempo”. Complexo, não?

Na história da humanidade existem algumas evidências de que a música seja conhecida e praticada desde a época da pré-história, surgindo provavelmente da observação dos sons da natureza. Esses ruídos talvez tenham despertado no homem a vontade ou necessidade de organizar alguma atividade que fosse baseada na compilação ou ordenação de sons.

Todo povo, nação ou cultura possui seus próprios tipos de música que se diferenciam em seus estilos, conceitos ou abordagens sempre levando-se em consideração o papel que ela deva exercer em cada sociedade. Por este motivo sempre é salutar perceber ou interpretar a música dentro do contexto pelo qual e para o qual ela foi concebida.

Em outras palavras não adianta querer explicar, por exemplo, por que alguns povos indígenas cantam durante cerimônias fúnebres com o mesmo entusiasmo que entoam canções quando nasce algum bebezinho na aldeia.

O fato é que a música é usada como atração principal ou como pano de fundo para qualquer situação, bastando para isso nos recordarmos das festas de casamento onde os cerimonialistas sugerem uma canção para cada etapa da celebração (entrada do noivo, dos padrinhos, da noiva, etc) muitas vezes sem notar que as letras não ensejam nem sugerem momentos de felicidade no futuro do casal.

Em termos de música cristã no Brasil existem os grupos interdenominacionais e os chamados ministérios de música que se esmeram nas pesquisas, prática e apresentação de uma boa música. A preocupação com a qualidade e o teor das canções e hinos entoados nas congregações motivou a Igreja Presbiteriana do Brasil (IPB) a criar em 1999 o Conselho de Hinologia, Hinódia e Música com o objetivo de manter o foco principal na organização de palestras, debates, simpósios e seminários sobre “A Música na Igreja” com o objetivo de não perder de vista a função primordial do homem que é amar a Deus sobre todas as coisas, inclusive através da música simplesmente ou do canto congregacional.

Um dos pilares da música cristã em nossa cidade é o centenário Coral Reverendo Zacarias de Miranda, que atua ininterruptamente desde sua fundação em 1909. Organizado pelo Reverendo José Zacarias de Miranda no período em que desempenhou a função de pastor titular da Igreja Presbiteriana de Campinas (Ipcamp), entre 1909 e 1912, o coral se tornou referência na música cristã histórica e contemporânea e traduz solenemente o verdadeiro sentido musical da alma.

No auge dos seus 109 anos completados neste mês de setembro, hoje trabalham com a seguinte liderança do Conselho Diretor formado por Marilu Andrade, Pedro Soares e Deborah Patrocínio; as Secretárias Leila Reis, Rute Oliveira e Terezinha Castelnovo; pianista Cintia Cruz e Conselheiro Presb. Eládio Campos. O coral pode ser ouvido semanalmente nos cultos da própria Ipcamp, ou em apresentações por todo o estado sempre que os convites são oficializados.

O Coral Reverendo Zacarias de Miranda é um daqueles que você começa a ouvir e não dá vontade mais de parar. Não digo isso apenas pelo repertório que é cuidadosamente selecionado a cada apresentação, mas também pela qualidade de seus músicos que se harmonizam através dos naipes (sopranos, contraltos, tenores e baixos) brilhantemente dirigidos pela regente titular Laura Aimbiré Morais de Barros e pelos regentes auxiliares Ricardo Tibério e Rafael Campos.

Orgulha-se a cidade de Campinas por possuir músicos de tamanha envergadura e este é o momento de tecer loas a todos os integrantes do Coral Reverendo Zacarias de Miranda que tem como lema o versículo 15 do Salmo 51: “Abre, Senhor, os meus lábios e a minha boca manifestará os teus louvores”.

Edison Souza, é jornalista e presbítero da Igreja Presbiteriana de Campinas (Ipcamp)

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